segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Idade da alma


Minha alma não tem idade
Às vezes acordo e tenho cinco anos.
Quero brincar, quero rir, quero as continhas brilhantes e coloridas,
quero olhar as nuvens, e nelas achar meus carneirinhos,
minhas bonecas, meus brinquedos preferidos.
Quero ainda acreditar na magia e no pó do pirlimpimpim.

Minha alma não tem idade
Às vezes acordo e tenho 15 anos.
Minhas mãos suam, meus lábios tremem e
meu olhar desvia.
Tenho vergonha, fico tímida e revivo a intensidade
e o prazer do primeiro beijo, da primeira paixão,
da descoberta do novo.
Tenho força e sinto que posso mudar o mundo.

Minha alma não tem idade.
Às vezes acordo e tenho 30 anos.
Anseio a maternidade, desejo o encontro,
procuro a intimidade.
Vivo o amadurecimento consciente do bem e do mal,
do bom e do ruim, do céu e do inferno, do puro e do profano.
Piso a terra, mas sei que posso voar.

Minha alma não tem idade.

Às vezes acordo e tenho 60 anos.
Tenho a experiência e quero dividir.
Posso acolher,
posso conceber,
posso me compadecer e me reconhecer.
Oferecer a tranquilidade e a sabedoria do tempo, que não pára, que cura, que cicatriza…
Minha alma não tem idade.
Às vezes acordo e não sei quantos anos tenho e
nem quantos se passaram.
Em meu coração, apenas a certeza de que pertenço à humanidade,
sem rosto,
sem idade,
sem identidade.
E é na alma, repleta de amor e recordações que sinto todas as idades, me mostrando uma vida rica e preciosa.
E é lá que encontro o meu grande tesouro, uma linha colcha de retalhos,
única, original e que leva a minha assinatura.

Nela está escrito:VIDA


segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Construir-se


Esta existência terrena é feito uma viagem
Num dia se chega,
No outro, se parte
Levada pela invisível mão do tempo, vamos percorrendo estação após estação
Na nossa bagagem: sonhos, medos, aspirações...
O tempo prático dos relógios,
O tempo poético da alma,
O tempo criativo do artista...
Acerca do tempo tudo ignoramos, e, no entanto, é tudo que temos enquanto seguimos adiante
A paisagem de fora, a vemos com os olhos de dentro
Cada um percebe a paisagem segundo a história de sua vida sensivel
Cada um percebe o mundo conforme a poesia que traz na alma...
O permanente diálogo mudo com o mundo, as lembranças de uma infância remota.
Somos feitos de memórias, reminiscências, recordações
Por entre os dedos, feito areia fina, quão velozmente os dias e as horas desta vida terrena escorrem...
Passam-se os meses, voam os anos, 
as folhas do calendário quão fácil se desprendem...
E o que vem a ser essencial nesta breve jornada?
Quais as coisas pelas quais vale a pena empreender o bom combate?
De sonhos e flores somos feitos, 
pequenos peixes confinados em aquários.
Acerca da eternidade, "o insondável mar" apenas remotamente intuimos
Acolher a pausa, a reflexão, a meditação; 
fechar os olhos para ver melhor
Cultivar uma audição capaz de captar, 
em meio aos ruidos do mundo, 
a melodia do silêncio que enternece
Aproveitar os dias e as horas para semear a bondade 
e cultivar os mais belos jardins...

(contribuição de um_peregrino)